janeiro 30, 2014

Talvez os girassóis sejam eternos.





Os anos passaram rápido, tudo foi deixado de lado, os dois viveram suas vidas, seus amores, seus trabalhos, suas paixões mas pra ele ainda existia a lembrança, a lembrança daquela que tinha mudado tanto ele.
Algumas noites antes de dormir enquanto olhava pro teto esperando o sono vir, o que era comum, olhando o movimento do ventilador, o som da madrugada, ele lembrava, não precisava fechar os olhos que ele conseguia enxergar facilmente o sorriso a tanto tempo deixado pra trás, o brilho no olhar e logo a mente entrava naquelas lembranças, lembranças tão intensas que ele conseguia sentir o cheiro, aquele maldito cheiro que não saia da cabeça dele de jeito nenhum, mesmo com algumas outras meninas que passaram na sua vida e também deixaram um cheiro marcante, o dela não saia da mente dele. As lembranças eram tão intensas que ele podia tocar aquela pessoa que ele amou tanto e a muito ficou pra trás e ainda deixa tanta marcas, tantos sonhos, tantas saudades e se existiam ainda tantos pensamentos ainda existia amor, aquele mesmo amor de antes. E sempre perdido nesses sonhos ele adormecia quase de manha.
Ele conseguiu quase tudo o que ele queria, tinha uma vida estável, tinha realizado alguns sonhos e estava vivendo bem desses sonhos, estava feliz. Vez por outra pensava nela, como estava a vida, o trabalho, os sonhos, já tinha muito tempo que não tinha noticia, decidiu a uns atrás não procurar nas redes sociais, decidiu deixar pra lá, mas mesmo assim tinha curiosidade de quais rumos a vida dela levou.
Um dia ele foi resolver algumas coisas no centro da cidade, fazia um sol escaldante, aquele sol de um dia fatídico de verão que ele tanto odiava, depois de ir de um lado pro outro, entre cartório, papelarias e bancos ele já estava completamente suado e exausto, já passava de meio dia e ele percebeu que poderia almoçar, ainda com as lembranças dela na cabeça, retornou numa conversa que tiveram sobre um restaurante que ela descrevia entusiasmada acreditando que se ele fosse um dia conhecer, do jeito que ela descreveu na época ela sabia que ele iria adorar, aquele seria o dia de ir ate lá, pensou. Ele odiava ir em restaurantes sozinho mas aquele dia ele iria, aquele dia era um dia diferente. “Estou com saudade de mate com sushi.” Pensou em voz alta enquanto caminhava ate lá, tinha o endereço gravado no celular desde aquele dia.
Mesmo depois de tanto tempo o lugar ainda era exatamente como ela descreveu, muito agradável, sentou na mesa e fez o pedido, enquanto esperava a comida pensava em como seria legal ter vindo aqui com ela naquela época, ver ela comer era sempre uma diversão a parte e pensava em como tudo ficou pra trás de uma forma tão triste.
A comida estava boa, o gosto do mate misturado com sushi trazia ótimas lembranças e mesmo se a comida não fosse boa estar imerso naquela nostalgia aquela dia era algo bom. Pagou e foi pro ponto pegar o ônibus, no caminho se indagava por que ainda não tinha comprado um carro, já podia mas o nervoso de dirigir era grande e por incrível que pareça ela gostava de andar de ônibus, enquanto a cabeça girava nesses pensamentos alguém parou do lado dele e ele nem percebeu, a pessoa acompanhou o passo dele e aparentemente esperou o momento certo de dizer oi, e ele nem percebeu. Aquele oi, naquele dia era uma das coisas mais irreal que poderiam acontecer naquela tarde, naquele dia, naquele momento.
-Quanto tempo!  disse ela, a menina que rondava tanto os pensamentos dele naqueles dias.
-Nossa, nunca imaginaria que te veria de novo, e logo aqui no centro. Entre palavras tremulas ele conseguiu terminar a frase, nervoso e embasbacado com o mesmo rosto lindo de anos atrás.
-É, as vezes coisas que julgamos ser impossíveis podem acontecer ne! Como você esta? Ela parecia feliz de ter encontrado ele, feliz de um jeito que ele nunca acreditou. Ele sempre pensou se caso eles viessem a se encontrar novamente ela não o trataria bem ou simplesmente ignoraria a presença dele, naquela época talvez, mas hoje ela era uma mulher de 25 anos, parecia que talvez, as coisas estavam diferentes na cabeça dela.
-Eu to bem, muitas coisas legais aconteceram sabe... respondeu sem saber exatamente o que dizer.
-Eu sei! Então, eu estou saindo do trabalho agora, você quer ir pra algum lugar, assim pra gente conversar, eu estou com saudade, quase 10 anos que a gente não se vê ne! A feição dele mudou na hora depois daquele convite, ele não sabia o que responder, ele só acreditava que uma fada ou algo assim realizou o desejo dele.
-Vamos. Ele respondeu gaguejando.
Tudo parecia a mesma coisa de anos atrás, o mesmo sorriso, o mesmo cabelo ate o mesmo cheiro ela tinha quando ele a abraçou, e não se importou dele estar completamente encharcado de suor. Ela nunca gostou de bebida alcoólica e ainda continuava assim, tudo era praticamente igual exceto pela expressão de cansada, resolveram parar numa lanchonete, aquela mesma que eles foram quando saíram pela primeira vez. Conversaram por horas, anoiteceu e eles ainda estavam naquela lanchonete conversando como se o amanha não existisse. Ela falou do trabalho, que continuava pintando e desenhando, que as coisas iam bem, mas não quis falar sobre seus relacionamentos, nem se estava namorando ...ela desde aquela época agia assim, contava apenas coisas por auto, mas um certo momento ela disse estar solteira a algum tempo.
Ele estranhou quando ela disse que tinha amado o livro dele, que só não foi no lançamento por que teve medo de parecer estranho, mas comprou assim que pode e queria uma dedicatória, será que ela sabia que muita coisa escrita naquele livro tinha a ver com ela ...talvez suspeitasse. Ela parecia acompanhar a vida dele as vezes, sabia da maioria das novidades que ele não tinha vergonha nenhuma de jogar nas redes sociais que usava ...e ela dizer isso fazia o coração dele acelerar, ele ainda a amava do mesmo jeito.
Antes de ir embora se abraçaram por quase 2 minutos, ela apertava ele como da primeira vez que abraçou, tudo remetia o passado. Trocaram números de telefone, ela disse que não ia perder mais o contato, que talvez as coisas seriam diferentes agora, ele não conseguia conter a felicidade de ouvir tudo aquilo dela. Na hora do “ate logo” ele beijou ela encostando no canto do lábio meio sem querer, ela sorriu e sussurrou;“ Tanto tempo depois e você ainda não tem coragem.” antes de atravessar a rua dizendo  “Logo nos veremos de novo.”
Ele sorriu a viagem inteira de volta pra casa e na hora de dormir tinha motivos pra dormir feliz .
3 dias depois ela liga:
-Vamos jantar hoje?




 
 ﻬﻬ

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